quarta-feira, 1 de junho de 2016

Conteúdo: As doutrinas sociais do século XIX - Currículo Mínimo - 2º Ano do Ensino Médio

Habilidade e competência: Discutir as condições de trabalho e a formação da cultura política contemporânea.


AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E A FORMAÇÃO DA CULTURA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

Sem dúvida, a industrialização trouxe, ao longo do tempo, benefícios para toda a sociedade. Mas também acabou gerando sofrimento para os trabalhadores, até mesmo pela ausência de leis que colocassem limites à cobiça dos capitalistas.
A descrição das fábricas foi sempre negativa: baixos salários, exploração do trabalho infantil e da mulher, umidade ou frio excessivo, jornadas de até 16 horas diárias, ar poluído, sujeira, humilhações sofridas pelos trabalhadores, acidentes com máquinas que provocavam mutilações e mortes. Os operários eram constantemente vigiados e obedeciam a horários rigorosos; uma verdadeira disciplina militar que não excluía a violência física dos capatazes. Eram regras exclusivamente impostas pelos interesses dos patrões. Além disso, o fantasma do desemprego estava sempre presente, obrigando o trabalhador a suportar esse regime. Fora das fábricas as condições não eram melhores: muitos se entregavam ao alcoolismo, as habitações eram precárias, nos bairros populares não havia saneamento, as epidemias se espalhavam e os salários não eram suficientes para alimentar a família.
No início do século XIX aconteceu o Movimento Ludista, que era formado por grupos de operários que invadiam as fábricas e quebravam todo o maquinário como forma de protesto. Os ludistas consideram que as máquinas eram as grandes responsáveis pelo desemprego. A reação do governo foi violenta, com prisões, deportações e enforcamentos. Em 1817, o governo proibiu reuniões públicas e distribuição de panfletos que incitassem revoltas ou manifestações. Dessa forma, as primeiras manifestações operárias eram tratadas como caso de polícia.
Para melhor se organizar, os operários começaram a formar associações de ajuda mútua, conhecidas como Trade Unions. Essas associações tinham como objetivo principal organizar as reivindicações dos operários que, em troca pagava uma pequena mensalidade. Essas associações foram se fortalecendo lentamente e deram origem aos sindicatos de trabalhadores.
No final da década de 1830 surgiu um novo movimento, mais organizado e centrado em reivindicações políticas. A iniciativa partiu da Associação dos Trabalhadores de Londres, com a divulgação da Carta do Povo, redigida por William Lovett e enviada ao Parlamento em 1838. Por isso, esse movimento ficou conhecido como cartismo.
Os cartistas queriam a aprovação de uma reforma parlamentar que garantisse uma representação política para os operários; o sufrágio universal masculino,  voto secreto, pagamento de salários aos parlamentares para que os operários pudessem se candidatar e uma reforma nos distritos eleitorais. O objetivo era claro: democratizar o Parlamento, permitindo maior acesso ao poder legislativo.
O Parlamento aprovou a jornada de trabalho de 10 horas, em 1842; proibiu o trabalho de crianças e mulheres na limpeza das máquinas em funcionamento em 1844; no mesmo ano reduziu pela meta a jornada de trabalho para crianças menores de 13 anos. Os sindicatos, no entanto, só seriam reconhecidos na década de 1870. Mas o movimento foi fundamental e marca as primeiras conquistas dos trabalhadores.

OS GRUPOS SOCIAIS

Os operários eram homens, mulheres e crianças que abandonaram suas atividades tradicionais como o artesanato e o campesinato para trabalhar nas indústrias. O salário que recebiam era insuficiente para sustentar a família e, a grande maioria não conseguia pagar o aluguel de uma casa, sendo obrigados a morar em albergues e cortiços. Os que conseguiam pagar aluguel moravam em residências precárias perto das fábricas, onde a poluição e a falta de saneamento básico tornavam o ambiente propicio para a proliferação de doenças. Nos momentos em que não estava trabalhando, nem cuidando de seus afazeres, o que era raro, os operários procuravam alguma forma de lazer. Costumavam frequentar pubs (bares) e as feiras ao ar livre. O futebol também era bastante praticado pelos operários.
Os burgueses, proprietários das indústrias, cada vez mais ricos e ociosos, moravam em mansões suntuosas, nos bairros distantes das fábricas e divertiam-se praticando caça, passeando e frequentando luxuosos teatros. Além disso, aproveitavam o tempo livre para estudar manuais de etiqueta e também livros sobre conhecimentos modernos. Com isso, a burguesia criou um novo padrão de cultura e de comportamento, caracterizado pelo apreço a administração racional do tempo e do dinheiro.
A Revolução Industrial aumentou o contraste social entre a rica burguesia e a massa pobre de operários, mas possibilitou o surgimento de uma classe social intermediária, posteriormente chamada de “pequena burguesia”. Essa nova classe, denominada de classe média era formada principalmente por profissionais autônomos prestadores de serviços como advogados, médicos, jornalistas, engenheiros e professores, além de pequenos proprietários como comerciantes. Esse grupo social dava grande importância e valor a moral burguesa, exaltando o sucesso financeiro e cultivando um modo de vida austero e sem excessos. Muitos membros da classe média mantinham contatos com os operários, o que estimulava a denunciar as péssimas condições de vida da população pobre, enquanto condenavam as atitudes que consideravam imorais, como o roubo e a mendicância.

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